Na semana passada aconteceu a edição 2022 do concurso de qualidade mais importante no Brasil, o Cup of Excellence.
Em post anterior, fiz uma menção histórica dessa competição, organizada inicialmente pela antiga SCAA - Specialty Coffee Association of America, cujo objetivo era o de criar um modelo de atividade que pudesse premiar os produtores que se destacassem na produção de cafés de alta qualidade. Na época, o modelo proposto foi o de reunir diversos lotes produzidos num determinado país ou região, classificando-os por meio de um grupo de juízes especialmente constituídos, particularmente compradores de café de diversos países. Os lotes melhor classificados seriam submetidos a um leilão eletrônico para que ofertas de todas as partes do mundo pudessem ser feitas em tempo real.
O ano era de 1999, quando foi feito o primeiro teste, com apoio da OIC - Organização Internacional do Café e realizado no Brasil, operacionalizado pela BSCA - Associação Brasileira de Cafés Especiais. O resultado foi tão surpreendente que logo em seguida o certame se oficializou e passou a ter sua realização regular.
Depois do Brasil, outros países passaram a experimentar esse modelo, como a Guatemala, Colômbia e Etiópia, possibilitando que a organização do certame passasse a uma entidade própria, ACE - Alliance for Coffee Excellence.
Como se trata de uma competição nacional, torna-se uma excelente ferramenta para se fazer um diagnóstico da safra em cada região produtora do Brasil, tanto no aspecto clima, que determina os sabores básicos como o teor de açúcar e de acidez, quanto o manejo e, portanto, técnicas de pós colheita que cada produtor aplica. Um relatório desse nível é muito importante para servir de guia para se aprimorar a produção de café como um todo e em cada origem.
Neste ano, a chamada Etapa Internacional da edição 2022 do Cup of Excellence foi sediada na cidade de Patrocínio, Cerrado Mineiro, quando os lotes finalistas passam pelo crivo de convidados estrangeiros, e a classificação definitiva é apresentada. Para a região o evento fez parte das comemorações dos 50 anos que a cafeicultura iniciou-se no Cerrado.
Neste último sábado foram revelados os lotes vencedores, sendo o lote campeão do produtor Antonio Rigno, da Fazenda Tijuco, de Piatã, Chapada Diamantina, BA, que vence o certame pela quarta vez, num feito impressionante.
O lote classificado como vice campeão, do produtor Maridalton Santana, do Sítio Bonilha, também é de Piatã, de modo que se pode pensar que o clima foi muito bem e o capricho dos baianos foi ao extremo.
3º lugar: Afonso Vinhal, Fazendo Recanto, Serra do Salitre, Cerrado Mineiro.
4º lugar: Diogo de Macedo, Fazenda Recreio, São Sebastião da Grama, SP.
5º lugar: Pedro Brás, Sitio Armadillo, Serra da Canastra, MG.
Em breve estes e outros lotes bem classificados deverão participar do leilão internacional, que fecha com chave de ouro um ano safra bastante desafiador e de superação pelos produtores.